sábado, abril 23, 2016

FMI foi complacente com delírios de governantes moçambicanos - acusa investigador

O investigador e economista moçambicano António Francisco considera que o Fundo Monetário Internacional (FMI) foi complacente e paternalista com os alegados delírios financeiros dos governantes nos últimos anos, até descobrir que o país ocultou dívidas avultadas.
"Se o Governo moçambicano representa, neste momento, um dos piores casos de ocultação e falseamento de informação que o FMI tem enfrentado em África, espero que este incidente motive o FMI a ser menos complacente e paternalista para com os governantes moçambicanos", declarou o investigador do Instituto de Estudos Sociais e Económicos de Moçambique (IESE).
Perante dúvidas que vêm sendo levantadas por investigadores sobre a situação económica, prosseguiu o académico moçambicano, o FMI optou por fazer apreciações "cor-de-rosa", qualificando sempre o crescimento da economia do país como robusto e sustentável.
"Aguardo com ansiedade pelas próximas informações e avaliações que o FMI certamente partilhará. Aliás, muita gente irá aguardar com ansiedade e curiosidade, por várias razões", declarou António Francisco.
Em 2002, no auge do "delírio financeiro" que Moçambique vinha vivendo, prosseguiu António Francisco, o ex-Presidente da República Armando Guebuza afirmou: "Já não somos um país de que se fala, mas sim um país com quem se fala".
Para o académico, a recente de descoberta de dívidas escondidas pelo anterior Governo moçambicano agrava significativamente diferentes tipos de riscos e incertezas e a nível internacional, Moçambique tornou-se motivo de "descrédito ou mesmo chacota".
"Não sabemos como é que os outros parceiros internacionais do Governo estão a reagir às revelações recentes, mas suspeito que estejam a respirar de alívio, porque antes o FMI parecia demasiado distraído e complacente. Espero que reajam com sentido de responsabilidade para com a sociedade moçambicana, mas sem complacência e paternalismo para com o Governo", enfatizou.
Quanto ao risco de tensão social, continuou o académico, muito dependerá da forma como o Governo for capaz de gerir a crise que provocou. "Se reagir de forma irresponsável, dando o dito pelo não dito e continuando a dizer que o problema foi causado pela crise global, então, devemos esperar por tensão social".

Fonte: LUSA – 23.04.2016

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