quarta-feira, setembro 30, 2015

Relatos díspares alimentam dúvidas sobre incidente com a RENAMO

Ainda há várias questões por responder sobre o que aconteceu na sexta-feira (25.09) – o dia do incidente com a comitiva em que seguia Afonso Dhlakama. Número de mortos apontado por Governo, polícia e moradores difere.

Afinal, quem começou os confrontos entre as autoridades de segurança moçambicanas e a comitiva do líder da RENAMO, Afonso Dhlakama? A polícia diz que a culpa é do maior partido da oposição em Moçambique. No entanto, testemunhas do tiroteio garantem que esta foi uma emboscada protagonizada por elementos das Forças de Defesa e Segurança.


Outra questão em aberto diz respeito ao número de vítimas mortais. Têm sido avançados dados diferentes. As testemunhas dizem que morreram mais pessoas do que as anunciadas até agora.


No povoado de Maforga, perto do local do incidente, muitas casas continuam vazias. Apesar dos apelos para retornarem às zonas de origem, no distrito de Gondola, no centro de Moçambique, os habitantes têm medo de regressar.


Quem iniciou os confrontos?

A polícia afirma que homens armados da RENAMO atacaram um autocarro e que, por isso, os agentes dirigiram-se ao local para repor a ordem. Depois, acabaram por envolver-se em confrontos com os militantes do partido da oposição.


No entanto, as testemunhas do ataque têm uma versão diferente. Félix Luís é guarda numa empresa que acolheu muitos populares em fuga. “Eu estava aqui em casa e vi 15 carros a subir a montanha. Fui para lá, tentar ver, e um vizinho disse-me que havia uma confusão”, conta Félix Luís, que acrescenta, sem hesitar, que os veículos “eram da FRELIMO”.


“Estavam cheios de pessoas da FRELIMO, que não estavam fardados. Estavam à civil, traziam armas, e mal subiram a montanha começámos a ouvir os tiros”, diz.


Elias José João, morador de Maforga, posto administrativo de Zimpinga, acredita que a emboscada foi programada. Segundo este habitante, o povoado começou a ser frequentado por pessoas estranhas dias antes do ataque. “Chineses, pessoas que começaram a subir a montanha com vidros fumados”, descreve.


Vasco Matusse, porta-voz da Polícia da República de Moçambique em Manica, desmente a informação, afirmando que “tudo indica que se tratava de uma caravana acompanhando o líder da RENAMO”.


“Quando chegaram à zona de Amatongas, por aquilo que pudemos averiguar com base nos relatos de testemunhas locais, os homens armados da RENAMO abriram fogo contra uma viatura”, explica o porta-voz.

Diferenças no número de vítimas


Segundo a RENAMO, sete militantes morreram no ataque, registando-se dezenas de vítimas mortais entre os alegados atacantes.


Esta terça-feira (29.09), o Governo moçambicano anunciou que um civil e vinte e três militares da RENAMO morreram no incidente. No entanto, à DW África, a polícia em Manica apresentou outros números.


“Os últimos dados que recebemos davam conta de onze indivíduos que perderam a vida no local. Trajavam uma farda verde, pelo que supomos que sejam elementos ligados ao presidente do partido RENAMO”, diz Vasco Matusse. A polícia, acrescenta o porta-voz, encontrou ainda “onze corpos que não vestiam farda. Presume-se que sejam civis”.


Os moradores dizem, no entanto, que o número de vítimas mortais será bastante mais elevado do que foi, até agora, anunciado – incluindo civis.


“Muitas pessoas estão a sair da aldeia, com medo, porque muitos morreram aqui, outros ainda não foram vistos, outros estão escondidos no mato”, diz Félix Luís.



Fonte: Deutsche – 30.09.2015

1 comentário:

Anónimo disse...

Acções da Frelimo. Este governo é dos mais complicados pelo que eu concluiu. Foi Nyusi como ministro da defesa que iniciou a guerra no governo de Guebuza, conhece melhor os planos pelo facto não vejo por que razão hoje vai recuar. Se é a própria Renamo que simula os ataques, por quê, então se vai declarar caça ao seu líder? Para cobrar o quê? Não tem como enganar e não somos crianças para aceitar estas versões, façam como for, mas por uma razão, que ninguém pode vos deter. A Frelimo é confusa e anseia coisas que não sabe o destino que podem dar o país.