quinta-feira, novembro 21, 2013

“QUELIMANE NÃO É TERRA DE ESCRAVOS”

Manuel de Araújo voltou a trilhar o caminho que os seus opositores pensavam que tivesse desaprendido em dois anos de governação: o da vitória. Milhares de pessoas acordaram antes de o sol nascer para reivindicar a segunda revolução dos chuabos, que teve de ser arrancada a ferro diante das balas de borracha e do gás lacrimogéneo da Força de Intervenção Rápida (FIR). A vitória, tal como Verónica Macamo previu, jorrou sangue mas não caiu para o lado da Frelimo e do seu candidato.

“Nada mudou na governação da Frelimo desde 1975. Foi só chegar Manuel de Araújo para Quelimane florir. A Frelimo quer o voto desse povo que manda bater e amedrontar. A Polícia está lá dentro [na assembleia de voto]. Quando for altura de contar os votos essa Polícia brutal vai ferir cidadãos indefesos”, profetizou, no princípio da manhã, Ernesto Julião, vendedor informal, que acordou às 5 horas do dia 20 para exercer o seu direito de cidadania na Escola Primária 17 de Setembro.

Desde o alvorecer, uma multidão congregou-se no perímetro das assembleias de voto espalhadas pelo município de Quelimane convicta de que tinha de votar. As forças da lei e ordem circulavam pelas postos de votação para mostrar os músculos enquanto os jovens gritavam o nome do edil da capital da Zambézia, de longe.

O final do processo de votação serviu para que a FIR voltasse a ganhar protagonismo em Icidua. A ideia da força da lei e ordem era afastar o máximo possível das assembleias de votos grupos de jovens que temiam uma fraude e, por isso, julgavam imprudente votar e abandonar o local antes da fixação dos editais. 

“Estamos aqui para controlar o voto”, reconheceu Custódio Albino. “Temos medo que a Frelimo inutilize os nossos votos e coloque outros para o seu candidato no lugar dos nossos”, acrescentou. À primeira hora da tarde, pouco depois da sua irrupção, a acção da FIR voltou a causar feridos como nas eleições autárquicas de há dois anos. A Polícia lançou gás lacrimogéneo para refrear o ânimo dos jovens que queriam testemunhar a contagem dos votos. A partir daí, os jovens carregaram paus e pedras e desafiaram as balas da FIR. “Não vamos permitir a entrada de urnas aqui”, advertiu um jovem ferido na perna. Os presentes agitavam garrafas para vingar os feridos, entoavam cânticos de revolta e improvisavam ao ritmo das letras de Azagaia contra Verónica Macamo e a Frelimo. “Ela queria o nosso sangue”, acusavam. Os mais corajosos brandiam: “Povo no poder”.


Na Escola Primária 17 de Setembro, os acólitos da fiscalização apenas secundaram os “irmãos” de Icidua e não se deixaram intimidar pela FIR. Contudo, o protesto mais acérrimo desenrolou-se longe das urnas, na Estrada Nacional número 7 (EN7). Nesta, ao redor do repórter do @Verdade, um jovem exibiu escoriações e disse-nos que os feridos graves tinham sido evacuados para o Hospital Provincial de Quelimane. “Quelimane não é terra de escravos e hoje a Frelimo será reduzida a escombros”, sentenciou.

 A ira dos jovens foi confirmada nas urnas para desespero de uma Verónica Macamo incapaz de se suster no seu pedestal. “Os assassinos não nos podem governar”, justifica Ernesto Julião. Os resultados não poderiam ser mais expressivos. Os votos de Manuel de Araújo e do MDM triplicavam os de Abel Albuquerque e da Frelimo. 

Na EPC 17 de Setembro, na mesa 04001504, Araújo obteve 361 votos contra os 109 de Albuquerque. O MDM também passou literalmente por cima da Frelimo no que diz respeito à composição da assembleia municipal. Na mesa em apreço, o MDM ficou com 352 votos para 123 do partido liderado por Armando Emílio Guebuza. Apesar de uma forte campanha da Frelimo e da escolha de um candidato da urbe, o MDM e Manuel de Araújo lograram superar a barreira imposta pela máquina do partido dos camaradas. 

Carros blindados, ruas semi-desertas, agentes da lei e ordem espalhados pelas artérias não foram capazes de suster a força dos jovens. Quelimane parecia uma cidade sitiada, quando as forças da lei e ordem decidiram intervir no processo eleitoral.


Fonte: @Verdade - 21.11.2013

6 comentários:

Anónimo disse...

Verónica Macamo as suas intimidações não nos intimidaram sabe porque?
Não, só podes não saber mesmo porque uma pessoa com a sua posição social nunca pode abrir a boca para proferir o que você falou. Mas tudo bem eu explico porque, o povo de Quelimane sabe que as verdadeiras revoluções são sempre acompanhadas de derramamento de sangue inocente.

Anónimo disse...

Kkkkk. Mas vcs sofrem com a politica. Vao ganhar oq?

Anónimo disse...

K lição tao boa, e' dexe tipo d decisão k Moz ker pra mudar, por ixo eu digo em voz alta "MUANA MUXUABO KANKANA BRUTO" kkkkkkkk....!

Anónimo disse...

estamos cansados dos ladroes nos aqui na beira ja nos libertamos faz tempo faça o mesmo

Anónimo disse...

Mwana muxuabo kankala burruto akala kankala policia onkala observador
muhihala ole ologa kalogale mugakule apalimwene......

Anónimo disse...

Aqueles que escravizaram e mataram agora dizem-se vítima com o apoio do capital internacional.