segunda-feira, dezembro 12, 2011

"Não dá para esconder" existência de "governos não democráticos"

Cidade da Praia - Um investigador cabo-verdiano ligado a uma universidade norte-americana disse hoje (segunda-feira) que "não dá para esconder" a existência de "governos não democráticos" em África, incluindo na África Ocidental.

João Resende Santos, coordenador da Iniciativa para a Paz na África Ocidental (IPAC), entidade que promove desde hoje, e até quarta-feira, a terceira e última conferência sobre os conflitos na sub-região oeste - africana, disse aos jornalistas haver sistemas políticos que têm ainda pela frente "o desafio da boa governação".

"Em termos de classificações de sistemas políticos na região, com certeza que há vários regimes que não são democráticos. Não dá para esconder. Há essa diversidade de sistemas democráticos e pacíficos, de um lado, e no outro extremo da região, sistemas políticos que têm esse desafio da boa governação, democracia e estado de direito", defendeu.

Subtil na apreciação, João Resende Santos, professor e director do Departamento de Estudos Globais na Universidade de Bentley, em Waltham (a 16 quilómetros de Boston, Massachusetts), nunca pronunciou a palavra "ditadura" ou "governos ditatoriais", optando por referir-se a estados "não democráticos".

"É um grande desafio pôr termo à instabilidade nos sistemas não democráticos e isso afecta toda a região (oeste - africana)", sublinhou, defendendo que a solução passa pela promoção do desenvolvimento institucional dos Estados.

"Para mim, como cientista político, a solução é institucional. É a promoção do desenvolvimento institucional, o desenho institucional dos sistemas políticos. Não é só uma questão de uma democracia, com a realização de eleições. É o desenhar das instituições que permite a resolução de conflitos internos e entre Estados", acrescentou.

João Resende Santos admitiu que será sempre um trabalho "difícil" e de "longo prazo", uma vez que, sublinhou, as "interferências externas" em África condicionam as políticas, consoante sejam positivas ou negativas.

"Não é fácil. É um trabalho que tem de ser feito internamente. Em África, há sempre influências externas e às vezes positivas outras negativas. Mas é um trabalho a longo prazo. Contudo, a criação das diferentes instituições "de um estado de direito democrático) é também uma decisão política, um compromisso político", acrescentou. Ler mais

Fonte: Angola press - 12.12.2011

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