quinta-feira, dezembro 08, 2011

Erros que penalizaram a Frelimo em Quelimane!

Por Lázaro Mabunda

A Frelimo, apesar de ter vencido as eleições em dois municípios (Pemba e Cuamba), foi o grande derrotado das intercalares desta semana, ao deixar Quelimane cair nas mãos do jovem “Movimento Democrático de Moçambique”. O que me impressionou foi o envolvimento da juventude nas eleições de Quelimane. Até às 04h00, já havia jovens acampados à volta das mesas de voto. Este comportamento da juventude constitui um requerimento do pedido de mudança do discurso político de que os “jovens são o futuro de Moçambique” para “jovens são o presente de Moçambique”.

Nestas eleições, a Frelimo terá sido penalizada pelos seus próprios erros. Ora vejamos: mobilizou figuras que levam uma vida de ostentação e viaturas de luxo para desfilar e pedir votos a uma população castigada pela miséria, que até tem dificuldade de acesso à água potável, num município em que pouco fez em cerca de 13 anos; as figuras que mobilizou acabaram comportando-se como os principais candidatos do que o próprio candidato, que ficou eclipsado, ou seja, andou escondido; sobrevalorizou a imagem do candidato do MDM, Manuel de Araujo, ao destacar figuras de topo para enfrentar um jovem que, até na altura, tinha pouco peso, além de que fazia campanha sozinho contra os pesos-pesados da Frelimo. Por outro lado, não teve em conta as questões tribais de Quelimane, devidamente, exploradas pelo MDM. Também terá pesado o facto de ter obrigado Pio Matos a demitir-se em nome de problemas de saúde mental, para, volta e meia, aparecer como rosto de apoio à campanha de Aboobacar, sem apresentar sintomas de problemas de saúde.

Mais: a Frelimo levou a cabo uma campanha de ataques pessoais à figura do candidato do MDM, à semelhança do que tem sido as campanhas da Renamo.

Pareceu-me que a Frelimo não tinha definido o objecto da sua campanha para Quelimane.

Fonte: O País - o8.12.2011

13 comentários:

Anónimo disse...

A analise apresentada acima pode ser legitima, mas acho que ha pontos essenciais que nao sao ditos claramente.
Questoes tribais: como podiam ter sido exploradas as questoes tribais? Propor alguem de Quelimane como candidato? Para mim isso est'a fora do contexto. Supomho que seja caricato evocar questoes desse tipo. A questao de fundo 'e: o que 'e que se fez durante todo tempo em que la se governou? Qual foi o marco de referencia que poderia ser evocado para justificar a continuidade? NADA. Apenas desgraca.
Ataques a pessoas: nao tem fundamento pois sempre 'e isso que se usa nos momentos de campanha. Nao so nesta, mas em todas outras onde as vitorias foram retumbantes. Mais uma vez a questao de fundo: o que 'e que poderia ser usado como justificacao para convencer as pessoas?
Outra questao de fundo que pode justificar o resultado, acho que 'e uma questao antiga na Zambezia. Alinhamento politico. A maior parte das pessoas da Zambezia nao se simpatiza com o partido derrotado. Sempre a oposicao ganhou na Zambezia. Era algo isolado que acontecia nos municipios, talvez por coercao.
A campanha do ganhador foi eficiente, nao na exploracao de aspectos tribais, por que em geral toda gente usa isso (infelizmente), mas sim no apontar aos problemas que existiam, que negligentemente nao foram resolvidos por quem de direito devia faze-lo. Sugeriu alternativas e as pessoas acataram.
Ha questoes muito serias que as pessoas indicadas para os cargos devem se acautelar, principalmente nas cidades. As pessoas que votam mudam e com outras intencoes. Os discursos demagogicos passam a nao servir. A nova camada de gente quer ver os resultados, nao as promessas; analisa os motivos do orador. Basta aparecer alguem que justique (com provas) que o orador tal est'a a mentir, as pessoas compreendem a mensagem. E foi o que aconteceu. Alguem demonstrou que alguns oradores estavam a mentir e ficou claro isso. A quantidade e o poder dos oradores nao conseguiu destruir a opiniao que se tinha construido a volta da falsidade das suas mensagens porque a desmistificao foi clara. As pessoas entenderam que as repeticoes nao transformavam a mentira numa verdade. Nunca houve ataque serio aos problemas da cidade em causa.
Este resultado confirma o ditado segundo o qual o vadio perde-se e o escravo liberta-se, mesmo que a escravatura leve os tempos memoraveis, sempre vai surgir uma oportunidade de livrar-se do mal.

Leovigildo Novidades Juliasse disse...

A reflexão do Lázaro Mabunda faz pleno sentido.
A Frelimo foi derrotada pelos seus próprios erros. Não vi por exemplo a necessidade de uma Presidenta (segundo Dilma - PR brasileira) da Assembleia da República deslocar-se de Maputo à Quelimane para vir falar da família e vida privada de Manuel de Araújo. Acham queo povo é cego? Ou pensam o facto das pessoas estarem em cidades abandonadas não podem decidir soberanamente?

Agora está ai realidade. Isso recorda me o que tenho lido sobre Luta de Libertação Nacional, sobre as primeiras zonas libertadas.
Quelimane deve ser o exemplo das primeiras zonas libertadas de Moçambique, depois da Beira.

Anónimo disse...

Eu penso, caros irmaos e irmaos que FRLIMO, fez muito em Quelimane, que a populacao se esqueceu e e mal agradecida, quem criou a fonte de aguas na av. Kim Il Sung? O posto de saude na Av. Vladimir Lenine? quem colocou alcatrao nas avenidas Kar Marx e na Mao Tse Tung? Irmaos nao se esquesao que a Av. Ho chi Min e como um jardim. ja nao ha lixo ali. VIVA a FRELIMOOOO!!!!!
Abaixo os Xiconhocas

Nelson disse...

Ao primeiro anónimo:
Está no seu direito achar que a questão tribal esteja fora de questão sem ser no entanto necessário "supôr que seja caricato evocar essa questão". Eu penso que a questão tribal pesou sim de alguma forma. Expressões emprestadas da publicidade do BCI, "quem é daqui sabe oque quer" que foram largamente usadas durante a campanha principalmente no facebook, revelam um pouco disso. Devo no entanto dizer que esse aspecto surge mais para fazer face aos discursos dos que de Maputo foram em massas à Quelimane apoiar a campanha da Frelimo e tentar mostrar aos quelimanenses oque era bom para eles, do que para contrastar o candidato do MDM que é mais nativo de Quelimane ao da Frelimo que é natural de Pebane. O uso da língua local nos discursos é algo que também deve ser mencionado. Entretanto eu não diria que Manuel de Araujo foi votado e venceu por ser "mais chuabo" que Lourenço Aboobacar, muitos outros factores precisam ser considerados.
Pode ser verdade que os ataques pessoais tenham sido sempre parte integrante das campanhas eleitorais, mas aqui temos que considerar o tipo de ataques e as pessoas que as proferiram. Como bem diz o Leovigildo não se vê a necessidade da presidente da Assembleia da República(que como depois ficou a se saber, tem uns podres no seu passado conjugal),"deslocar-se de Maputo à Quelimane para vir falar da família e vida privada de Manuel de Araújo". Os quelimanenses sabiam porque é que a esposa de M.A não lhe acompanhava na campanha, então foi uma perca de tempo.

Anónimo disse...

O termo Chiconhoca foi muito usado no passado para se referir a alguem com comportamento inapropriado socialmente. Chiconhoca aparecia sempre com uma garrafa no bolso de algum alcool e cigarro na boca.
Na verdade Cinconhoca 'e uma aglutinacao do nome CHICO NHOCA, de um Mocambicano algures na periferia da Cidade de Tete que muito se destacou ao servico dos Portugueses no cambate aos turras. Chico Nhoca acabou sendo morto na sua propria casa com uma granada atirada ao banheiro, "daqueles banheiros" da periferia das cidades. Alguem sabia do horario que o Chico voltava das suas operacoes e uma vez em casa se dirigia ao banheiro para limpar o calor e outras impurezas do corpo. Foi nisso que o Chico acabou.
Notem aqui algo peculiar: Chico era peca fundamental nas operacoes portuguesas e ninguem pensou o risco que ele corria o facto de viver num bairro da periferia, sem condicoes, que permitiu a infiltracao de um turra ate consumar a sua a morte. 'E logico esse facto. O Chico estava a defender uma causa que nao tinha sentido para maioria dos moradores daquele bairro. Os moradores na verdade questionavam: como era possivel um seu correlagionario, a viver nas condicoes miseraveis identicas aos demais moradores se tornou peca fundamental nas operacoes que comprometiam a liberdade? A partir dali criaram brechas para a seguranca do Chico ate permitindo seu assassinato. Portanto Chico estava a defender uma causa perdidda, que mais nao tinha sentido para os demais moradores.
A pergunta grande que se coloca 'e: quais sao as causas que se defendem em prol dos moradores, nao em prol dos que nao sao moradores. O comprometimento com as causas alheias foi a atitude do Chico e foi eliminado. As pessoas se deviam acautelar perante a atitude de Chico filho de Nhoca. 'E dificil mas consegue-se. Basta saber ouvir. A arrogancia e a ganancia nao nos levam a lado nenhum.

Reflectindo disse...

Caro, reflectirmos sobre estas intercalares é imperativo. Neste curto tempo que tenho eu gostaria de dizer:

1)Acho que o amigo Mabunda não tenha aprofundado ainda sobre esta questão. Eu gostaria é que ele desse opinião sobre o que falhou com o MDM em Cuamba e Pemba. hehehehe.

2) Ao anónimo "Xiconhoca", quando diz que a Frelimo fez muito e o povo tem memória, e, apontando, uma fontenária, um posto de saúde, uma via alcatroada, quer nos dizer que você tem curta memória por esquecer que a maior parte das infraestruturas em Mocambique foram construidas no regime colonial?
O xiconhoca não deve saber o papel dum governo e por isso não sabe como um governo se avalia.

Anónimo disse...

Nelson,
Uma eleicao local, sempre 'e tribal, pois ha uma maioria de uma certa tribo que vive no local.
A evocacao as questoes tribais surge quando o ambiente criado 'e conturbado. Quando os interesses das pessoas nao sao atendidos condignamente. Se o atendimento as necessidades basicas das pessoas 'e feito corretamente ninguem pensa em recorrer aos membros da tribo para se defender. Na verdade recorrer a tribo 'e como se fosse recorrer a um shelter, um abrigo quando se sente em perigo. As pessoas sabem que a tribo tem principios comuns, 'e como se fossem irmaos. Evocam isso para uma defesa cerrada do grupo. A causa de evocao desse sentimento est'a no mal criado. Alterar a ordem do mal. Entao, como 'e que uma figura que 'e percebida como a causa do mal vai explorar as bases tribais? Falando no contexto tribal isso fica pior ainda porque vai ser conotado como traidor dos principios da tribo.
Portanto, para mim nao havia hipotese. Principalmente quando se toma em cinsideracao o tipo de contendor; que saberia muito bem contornar a direcao do discurso: evidenciar as lucanas e propor respostas. E isso foi feito, com clareza.
Mais uma vez digo: A satisfacao das necessidades basicas das pessoas deve ser a armar fundamental para o sucesso de uma eleicao. Nao na demagogia sem sentido. Insultos ou nao, divisionismo ou nao, isso nao nos leva a lado nenhum. Na verdade 'e mais facil insultar, dividir ou otra coisa do genero, pois desde crianca a gente aprender a fazer isso. 'E muito dificil encontrar uma resposta eficiente perante uma situacao problematica que aparece. 'E delicado. E isso devia ser a tarefa e postura dos que se candatam as elecoes.

Nelson disse...

"Uma eleição local, sempre é tribal, pois há uma maioria de uma certa tribo que vive no local".

Discordo plenamente e para tal faço uso o cenário em que dois candidatos para uma eleição local são da mesma tribo(seja ela maioria ou minoria).
Já tentei explicar que a sensação do "tribal" em Quelimane foi gerado e ganhou corpo por conta dos "invasores" provenientes de Maputo que conhecendo muito mal a cidade, e as necessidades dos municipes, ainda se achavam no direito de "impôr" suas vontades.

"A satisfação das necessidades básicas das pessoas deve ser a armar fundamental para o sucesso de uma eleição"
Caro anónimo a ser verdade oque aqui dizes ou procuras dizer e à luz dos resultados de Quelimane, em que medida o candidato do MDM(vencedor) satisfez as "necessidades básicas das pessoas"?

Heyden disse...

Pergunta 1: Porque MA ganhou?
Pergunta 2: Porque a Frelimo ganhou em Cuamba e Pemba?

A justificacao que se da para a pergunta 1 deve, minimamente, ajudar a responder a pergunta 2, mas nao vice-versa.

Anónimo disse...

Barabens também ao Reflectindo, pois indirectamente apoiou o MA com a postura de alguns artigos sobre ele e o seu MDM. E se chegar a fez de nampula também (2013) redobre as suas forças estou me referir das bloguesferas foi muito bem.

cmpt

marvin

Anónimo disse...

A questão que se põe é simples.
O povo JOVEM E ELEITOR quer dirigentes competentes-GENTE que sabe, com CANUDO VERDADEIRO!
Tempo dos CAMARADAS pol´titicos está a chegar ao FIM.
Quelimane deu o mote!
Colocaram um comerciante, FRACO, que iria EMPATURRAR os bolsos dos CAMARADAS!
A juventude TRAVOU!
Não é nenhuma questão tribal!
Em relação a CUAMPA...HOUVE PATOTA!
VIVA QUELIMANE E A SUA JUVENTUDE IRREVERENTE!VIVA QUELIMANE, AGêNCIA FUNERÁRIA DA FRELIMO!
O Guebas foi a correr PETIR DESCULPA AO AFONSO!Baixou polinha!
Guepuza testou a OPOSIÇÃO e teve medo da JUVENTUDE, porque só essa , PODE DERRUPAR A FRELIMO, como o dez em Quelimane!
Não foi o MDM, FOI A JUVENTUDE-GERAÇÃO DE FIRAGEM!
Quanto ao XicoNhoca, esse já se vongou em Mbuzini - pagou pela mesma moeda!
Viva a Zambézia, terra lipertada!

Anónimo disse...

Nguiliche


Agora é vossa vez Nampulenses de se libertarem. Preparem-se devidamente para 2013. Mocambique para todos.

Heyden disse...

Segundo a Teoria de Attribuição Causal proposta por Bernard Weiner (1974), as pessoas usam dois métodos para escolher a causa que terá originado um successo (por exemplo ganhar eleições) ou um fracasso (por exemplo exemplo, perder eleições). O metodo 1 chama-se 'covaration' ou covariância. Considara-se covariancia quando dois fenomenos, A e B, ocorrem ao mesmo tempo. Por exemplo, quando o feomeno A ocorre ao mesmo tempo que fenomeno B, entao B é considerado como a causa de A. Para clarificar o método considera o seguinte raciocinio: Manuel de Araujo (MA) ganhou as eleicoes em Quelimane (A) porque os dirigentes da Frelimo vieram em massa de Maputo exibir seus veiculos de luxo para as populaces carentes de Quelimane (B). Assim, B é visto como a causa de A porque ocorreram em simultaneo. Mas, contudo, pode-se ver que evento B nao teve mesmo efeito sobre A em Pemba e Cuamba. O segundo método de attribuição causal chama-se ‘Discounting’ ou seja descontar. Este método e usado quando vários fenomenos, por exemplo, B, C, D, E e F ocorrem ao mesmo tempo que o fenómeno A. Assim, os individuoes ignoram todos os outros fenomenos e retêm um unico como a causa do evento A, mesmo que cada um daqueles fenomenos fossem equiprovaveis. Por exemplo, nestas eleicoes muita coisa ocorreu ao mesmo tempo que a victoria de Manuel de Araujo. Por exemplo, Davis esteve a apoiar MA lado a lado em Quelimane, MA e jovem academico e dinâmico, MA foi insultado grosseiramente pelos lideres da Frelimo na sua terra natal , MA tinha um manifesto enquanto o adversario tinha in velho manifesto oferecido pelo anterior edil, MA concentrou sua campanha aos jovens aparentemente desenpregados. MA falava em lingua local. Neste cenario todo de possiveis causas, são excluidas todas elas e uma sera retida para servir de causa de A. A exclusão de causas e retencao de uma unica causa baseia-se em experiencias anteriores (past experiences), ou a simpatia que os indivíduos depositam na causa mantida. Claro que tanto o primeiro método como o segundo método, não são fiaveis, porque se baseiam em percepções.