Anarquia toma conta da secundária de Nampula

Alunos que dançam ao som de música reproduzida por celulares, consumindo bebibas alcoólicas e ameaçando de agressão os professores, tudo isto no interior das salas de aulas, é o que reporta o semanário Domingo em reportagem publicada na sua edição de hoje, 14, intitulada “Anarquia toma conta da secundária de Nampula”.

Segundo o articulista, os factos ocorrem perante o “olhar aparentemente passivo dos docentes, que segundo soubemos, não se atrevem a corrigir os infractores por temerem represálias”.

Para reforçar tamanha “anarquia”, o Domingo cita testemunhas a dizer que duas alunas foram obrigadas a despir-se, contra vontade, à luz do dia, bem em frente da escola, tendo o autor desta “ordem” avisado as vítimas que pretendia manter com elas relações sexuais.

“Temos medo de denunciar porque receamos levar uma tareia, se pesar sobre nós a suspeita de denúncia desses desmandos que ocorrem frequentemente na escola”, disse ao semanário Domingo a aluna da Escola Secundária de Nampula, de nome Telma Cumbe.

Esta mesma aluna declarou ainda que vai continuar os seus estudos naquele estabelecimento de ensino até ao final do ano lectivo, após o que se mudará para outra escola. “Não vejo a hora”, disse.

Outro estudante entrevistado por aquele jornal considera que a falta de segurança e controlo, tem dado azo a que automobilistas estranhos à escola entrem no seu interior, onde fazem gincanas com os seus carros, tendo um deles, inclusive, atropelado, sem gravidade embora, algumas estudantes que na altura estudavam em grupo.

Palavras obscenas escritas nas paredes recentemente pintadas e fecalismo a céu aberto numa zona da escola, são outros dos problemas com que a Escola Secundária de Nampula se debate. “Facilmente se esbarra com excrementos humanos, o que acaba contaminando o ambiente”, escreve a propósito a fonte que temos vindo a citar.

Docentes equaciam abandono

Professores entrevistado pelo “Domingo” disseram que aventam a possibilidade de abandonar a actividade, apontando como uma das causas a dificuldade de leccionar turmas com mais de cem alunos, com agravante da indisciplina geral que reina naquela escola secundária da terceira maior cidade moçambicana.

Sérgio Júnior, professor da disciplina de inglés, é de opinião que há que se repensar o ensino secundário, atacando-se o fenómeno da superlotação das turmas para evitar que haja alunos que graduam sem terem conhecimento das matérias em resultado da dificuldade de controlo por parte do docente.

“Não se pode confudir política com o ensino, o que estamos a enfrentar hoje é contra a didáctica do ensino, pois, uma turma com 30 alunos já um trabalho para controlar comportamentos diferentes de cada um e garantir que o aluno esteja realmente a absorver a matéria. E com 130 alunos, que trabalho pode ser feito?”, questionou aquele professor.

A propósito da indisciplina generalizada, a Directora da Escola Secundária de Nampula, Judite Mussácula, referiu que estão em curso medidas para a sua erradicação e prometeu que se está a trabalhar para resolver-se o problema da superlotação das turmas.

Fonte: Rádio Mocambique - 15.08.2011