terça-feira, julho 12, 2011

Quo vadis Governo (3)

GOVERNO IMPOPULAR
Ericino de Salema

“Se tivéssemos a prática de levar a cabo sondagens para medir os índices de popularidade do Governo, particularmente do Presidente da Republica, o recuo quanto ao subsídio de cesta básica mostraria níveis de impopularidade jamais vistos no país”, Ericino de Salema, jornalista e pesquisador na área da comunicação. Para ele, um dos maiores problemas do actual executivo reside na preocupação pela busca de soluções para problemas ainda por definir.

“E é triste que, em quase sete anos de Gabinete, Guebuza ainda não tenha acertado na estratégia de comunicação mais acertada para o Governo. Quando foi de ‘1 e 2 de Setembro’, vimos ministros a desmentirem-se entre si; mais recentemente, quando se anunciou a ‘morte súbita’ da cesta básica, vimos um Governo inteiro a tentar fazer entender que Junho nunca foi indicado como mês de início de implementação da tal medida”, lamentou.

Salema questiona se a falta de consistência de algumas políticas não será reflexo daquilo a que chama de excessiva verticalidade aparentemente existente no Governo, na relação entre o PR e seus ministros. “Não seria uma relação horizontal mais benéfica na escalpelização de problemas e mapeamento de soluções?”, sugere.

A sua crítica vai também para os assessores do PR e do Governo que, segundo disse, terão se transformado em simples assistentes, “guiando pela lógica de que é isto o que o velho quer e ponto final, traindo, assim, as suas próprias consciências”.

Quanto à composição do executivo, Salema aponta que Guebuza tem ministros com prova dada, apesar de existirem muitos com modestas competências. Mas, pergunta-se, será que os membros do Governo que são competentes têm espaço para manifestar essa competência? Mais grave do que a questão da (in)competência, é para ele a existência de membros do executivo que nem têm clareza sobre o que devem fazer. “A ministra da Mulher e Acção Social, por exemplo, mais me parece uma secretária particular da Primeira-Dama que outra coisa; o PM, ao exigir relatórios diários do COJA, mostra que caminha a contra-mão, quando um ministro da Juventude e Desportos pensa como os não jovens e se ocupa pessoalmente da ‘nomeação’ do Seleccionador Nacional, tal mostra que estamos mal”.

Quanto às consequências imediatas da actual governação,o jornalista e pesquisador prefere dizer que o ‘5 de Fevereiro’ de 2008 e o ‘1 e 2 de Setembro’ de 2010 podem ser a consequência da governação que está a ser empreendida, que, em teoria, é de ‘abertura e inclusão’, mas que, na prática, é outra coisa. “Os que a coberto da liberdade de expressão e de pensamento, qual direito constitucional, participam da governação, dizendo o que dela acham, são catalogados pelo PR, que jurou respeitar a mesma Constituição a que os cidadãos se socorrem para se expressar, como sendo ‘Apóstolos da Desgraça’”.

Fonte: Savana - 08.07.2011

1 comentário:

Anónimo disse...

Nguiliche

É fruto do SIMMISMO-teoria que procura separar aqueles que dizem SIM a tudo o que superior hierarquico diz, mesmo ciente de que está errado, para ganharem mais confianca e nao perderem mordomias.