sábado, setembro 18, 2010

PME’s: a espinha dorsal da economia

As Pequenas e Médias Empresas (PME’s) assumem uma grande importância na estrutura empresarial do país, devido ao seu potencial de criação de renda e de emprego, mas são as que menos se beneficiam de políticas de incentivo e acesso ao financiamento.
Em Moçambique, dados disponíveis dão conta de que as PME’s representam cerca de 78% das empresas, 55% do volume de negócios e geram cerca de 65% do emprego. Aliás, alguns analistas em assuntos económicos observam que o número de PME’s vem aumentando a cada ano, como resultado do crescimento da economia informal, mas são as que menos se beneficiam de políticas de incentivo ou de acesso ao financiamento bancário.
Para além da criação de renda e de emprego, as PME’s são vistas como um factor determinante na estabilidade social e no dinamismo económico, podendo o seu desenvolvimento ser dificultado pelas imperfeições do mercado.

Hortimoringa

A DRA Hortimoringa Empreendimento, Lda, é um dos exemplos de uma PME empresa que detém um importante papel no futuro da economia nacional. Localizada na província de Nampula, a empresa que produz suplementos nutricionais com base na planta moringa pertence ao jovem Danilo Raul. O empreendedor, conta, a DRA Hortimoringa nasce, em 2007, como uma associação composta por 405 membros que, ao longo do tempo, foram desistindo devido à falta de apoio, e, actualmente, transformouse numa empresa, a qual conta com três trabalhadores directos.
A empresa está a trabalhar em cinco distritos de Nampula, onde é cultivada a moringa, processada e distribuída para algumas instituições estatais ou direcções provinciais e pessoas singulares com as quais tem um contrato firmado. “A nível da província e do país, a planta não é divulgada. Estou a trabalhar com as comunidades locais nesse sentido”, disse Danilo que também é gestor da empresa.
A DRA Hortimoringa faz a propagação das sementes no seio das comunidades e os camponeses oferecem as suas terras e a sua mão-de-obra e estes são subsidiados, durante a plantação e a colheita, com bens alimentares ou produtos de higiene, tendo em conta o número de hectares produzidos. Colhidas as folhas, estas são trituradas e colocadas num pequeno recipiente de vidro, os quais são comercializados ao preço de 300 e 350 meticais cada. Por semana, em média, a empresa processa cerca de 3 quilos.
Mas nem tudo é um mar de rosas, aliás, segundo Danilo Raul, a grande dificuldade é a falta de meios para transportar o produto das zonas recônditas para onde estão os potenciais consumidores, além da falta de um espaço onde possa funcionar a empresa. O gestor queixa-se dos elevados custos de produção e da falta de financiamento. “Falta financiamento para podermos prosseguir com o negócio. Temos de alugar computadores para fazer informação do produto”, disse. Apesar dos obstáculos, aquele empreendedor afirma que consegue amealhar algum dinheiro para continuar com o negócio e pagar as suas contas ou obrigações fiscais.

Maeva

O Grupo Maeva Oils, constituído por pequenas como a SABIMO, Maxi Oils e Southern Refineries, é outra PME moçambicana a operar no território nacional. Estabeleceu-se em 1998 com a fábrica de sabão, SABIMO. Em 2003, a empresa abriu a fábrica de óleo na cidade da Matola e, ao longo do tempo, inaugurou duas outras unidades fabris de óleo de copra na província de Inhambane. O grupo expandiu-se e, hoje, dispõe de sucursais em quase todo país, com excepção das províncias nortenhas de Nampula e de Cabo Delgado.
O negócio cresceu e brevemente aquela PME vai inaugurar uma média indústria que irá processar por dia 550 toneladas por dia de óleo alimentar, e vai introduzir no mercado moçambicano uma marca de sabonete e um novo produto, detergente sólido. A empresa produz óleo de cozinha feito à base de soja, sabão e copra, e grande parte da matéria-prima é importada.
Segundo director executivo do Grupo Maeva que agora conta com mais de 2 mil trabalhadores, Daniel Mondlane, existem incentivos estatais no que respeita à importação de matériaprima, mas lamenta o facto de a falta de financiamento, além de elevados custos administrativos. “O acesso ao financiamento é difícil e os juros são extremamente altos”, disse.

ADECH

A ADECH – Associação para o Desenvolvimento de Chitondo - é uma pequena empresa da província de Inhambane. Composta por 25 membros, a associação dedica-se à produção de mel, compota, além de confeccionar biscoitos e bolos. Ela surge como uma necessidade de geração de renda e emprego para um determinado grupo de pessoas que vivem naquele ponto do país. Ou seja, os membros sentiram a necessidade de criar algo para garantir o seu sustento e das suas famílias.
A empresa ainda está a procurar de espaço no mercado nacional para se estabelecer e tem como principais clientes algumas instituições e pessoas singulares. Tal como outras PME’s, a ADECH enfrenta algumas dificuldades na expansão do negócio e divulgação dos produtos. “O nosso objectivo é firmarmos parcerias de modo a fornecermos os nossos produtos. Já há algumas empresas sediadas na cidade de Maputo interessadas naquilo que fazemos”, disse Niria Benhe responsável comercial. (Hélder Xavier)

Fonte: @Verdade - 16.09.2010

1 comentário:

ARGEX disse...

Pessoalmente estou empenhado na criacao de uma associacao das PME's que poderia vir a chamar-se AMPME - Associacao Mocambicana das Pequena e Medias Empresas. Tenho esboco dos estatutos e estou empenhado em encontrar pelo menos mais noves possiveis membros (fundadores), para a sua legalizacao. Assim procedo por achar que ha muita intemediacao de entidades que, na verdade nao representam as PME's. Preciso de apoio.