quarta-feira, setembro 08, 2010

Afinal, Cahora Bassa não é nossa, Senhor Presidente?

Por Lázaro Mabunda

O esclarecimento de Namburete transmite-nos a ideia de que: o Presidente da República desconhecia que a HCB só seria “verdadeiramente nossa quando fazermos um investimento de 1.8 bilião de dólares, para construir a linha de transporte Tete-Maputo...”
O ministro da Energia, Salvador Namburete, deu uma entrevista ao nosso jornal – edição de ontem – na qual disse que Cahora Bassa ainda não é nossa. Uma grande revelação que contraria a célebre frase de que “(...) Cahora Bassa já é nossa”, que o Presidente da República, Armando Guebuza, pronunciou a 31 de Outubro de 2006. Uma frase que, pela popularidade que ganhou, se compara à de declaração da independência por Samora Machel, em 1975.
Nessa entrevista, Salvador Namburete esclarece, definitivamente, que “Só faz sentido dizermos que Cahora Bassa é nossa quando conseguirmos levar a energia a um número cada vez maior de moçambicanos”. Mais: revela Namburete, “Há outros desafios: a energia da Hidroeléctrica da Cahora Bassa (HCB), para chegar a Maputo, tem que passar da África do Sul, porque ainda não temos uma infra-estrutura de transporte dentro do país. Daí que a HCB só será verdadeiramente nossa quando fazermos um investimento de 1.8 bilião de dólares, para construir a linha de transporte Tete-Maputo, vulgo espinha dorsal”.

O que Namburete nos quer transmitir com este esclarecimento?

Namburete transmite-nos a ideia de que:
O Chefe do Estado enganou-se ao dizer “Cahora Bassa é nossa”;
O Presidente da República não tinha a noção de que HCB só seria “nossa quando conseguirmos levar a energia a um número cada vez maior de moçambicanos”;
O Presidente da República desconhecia que HCB só seria “verdadeiramente nossa quando fazermos um investimento de 1.8 bilião de dólares, para construir a linha de transporte Tete-Maputo, vulgo espinha dorsal”;
Namburete está a tentar repor a verdade que tinha sido distorcida.
Contudo, não deixa de ser tão estranho quanto espantoso que o Governo tenha levado quatro anos para esclarecer um facto simples como este. Igualmente, é tão estranho quanto suspeito que o Governo venha anunciar publicamente que HCB não é propriedade dos moçambicanos num período de tensão social, motivada pela subida de preços de bens de primeira necessidade, incluindo a electricidade.
A entrevista do ministro da Energia é rica em revelações preocupantes, para nós, e pedagógicas para os membros do Governo. É que numa das passagens da mesma – não sei se por distracção ou por verticalidade – Salvador Namburete disse que “Quanto aos biocombustíveis, lançámos a campanha em 2005-2006, uma fase de aprendizagem. nós não sabíamos muito bem, mas tínhamos que fazer alguma coisa”.
Mais ainda: assumiu que “O grande desafio que agora se coloca é conseguirmos comercializar toda a jatropha produzida. Estamos a mobilizar os operadores comerciais para fazerem o mesmo”.
Estas declarações são reveladoras de que o Governo decidiu embarcar para os biocombustíveis sem que antes tivesse feito qualquer estudo que pudesse servir de farol para uma decisão sobre a necessidade de uma aposta forte na área pelo empresariado nacional e pelo próprio Governo.
As declarações do ministro demonstram, igualmente, que o projecto de biocombustíveis foi uma aposta táctil e às cegas do Governo, baseando-se em ideias avulsas, sem nenhuma fundamentação científica resultante de pesquisas.
Significa ainda que, cinco anos após o lançamento do projecto, o Governo ainda não identificou o mercado para a comercialização de toda a jatropha produzida, e só agora é que pretende “mobilizar os operadores comerciais para fazerem o mesmo”.
Enfim, o que fica é que o Governo avançou para os biocombustíveis “numa fase de aprendizagem”, sem saber “muito bem” (o que estava a fazer), justamente porque tinha de “fazer alguma coisa”.

Fonte: O País online - 08.09.2010

21 comentários:

V. Dias disse...

Demitam-se.

Zicomo

Julio Mutisse disse...

Zicomo, Reflectindo e Mabunda.

Leiam e escutem BEM o que o Ministro Namburete disse e MUITO BEM DITO.

Na caca de escandalos tudo serve para um título bombástico.

Abdul Karim disse...

Selecionador,

Nao te disse que QI 'e baixissimo, ve-la a justificacao de biocombustiveis,

Eles pensam com o trazeiro, porque tem merda na cabeca,

Abdul Karim disse...

Xiconhoca,

Nao 'e bom, nao 'e bom,

Todos dias gasta nossa vida,

Ora gasta,

Gasta, ora gasta,

Gasta nossa vida.

Xiconhoca,

Nao 'e bom, nao 'e bom,

Todos dias gasta nossa vida.

Reflectindo disse...

Mutisse

Namburete disse isso mesmo que Mabunda escreveu.

Qual a dúvida? Quem nos tirar a dúvida? Os mentirosos de sempre?

E dizes caça de escândalos como esses não existisse aí e muitos varridos por baixo do tapete?

V. Dias disse...

Mutisse,

Pode nos trazer a outra versão?

Cá estamos para lhe dar créditos.

Zicomo

Abdul Karim disse...

Selecionador,

O Jorge Saiete mandou ai chute nice, em arco, com a parte "trivial" do pe esquerdo, 'a Drulovic,

Esta no debete e reflexao,

Vamos por ele sob observacao ?

Hain ?

Abdul Karim disse...

Nelson tambem, Selecionador.

Nelson selecionado na minha opiniao, eu 'e que esqueci-me, ele andou um pouco ausente dos campos na altura que eu era Selecionador,

Acho que estava lesionado, mas parece ter voltado a jogar, com regularidade.

Saiete em observacao,

OK ?

Reflectindo disse...

Viriato,

Concordo com o pedido que fazes a Julio Mutisse. De facto, quem nega uma versão, apresenta outra.

V.Dias disse...

O Nelson fica selecionado, mas para o banco.

Reflectindo,

Esses aparecem para lançar poeira e depois vao se ebmora pensando que nôs somos tuques, ou seja, formigas em ximacua. Nao somos nao. Por isso vamos mandar a ele ver se ta a chover la fora.

Zicomo

Abdul Karim disse...

Nelson Selecionado.

Confirmado.

Abdul Karim disse...

Nelson esta nos Acessores Tecnicos Individuais.

As Rolas Voam !

'E A Seleccao Nacional de Mocambique !

A Voar !

JOSÉ disse...

Pensei que estava tudo muito claro, mas pelos vistos existe outra versão.
Ok, então fico ansiosamente à espera que o Júlio Mutisse nos revele a sua versão!

Julio Mutisse disse...

Não vamos retirar as palavras do seu contexto. Eis a pergunta e a resposta completa.

Uma das alegações para estas manifestações é o aumento do preço da electricidade. O que está por detrás deste aumento?

O que justifica este aumento são os elevados custos de produção da energia eléctrica e é preciso recuperar os investimentos feitos para a electrificação rural.

Só faz sentido dizermos que Cahora Bassa é nossa quando conseguirmos levar a energia a um número cada vez maior de moçambicanos. Para electrificar os distritos, gastamos anualmente cerca de 3.5 a 3.6 bilião de meticais. Há outros desafios: a energia da Hidroeléctrica da Cahora Bassa (HCB) para chegar a Maputo tem que passar da África do Sul, porque ainda não temos uma infra-estrutura de transporte dentro do país. Daí que a HCB só será verdadeiramente nossa quando fazermos um investimento de 1.8 bilião de dólares para construir a linha de transporte Tete-Maputo, vulgo espinha dorsal.

Julio Mutisse disse...

Nao consegui sublinhar esta passagem: Há alguma coisa de polémico aqui?

Só faz sentido dizermos que Cahora Bassa é nossa quando conseguirmos levar a energia a um número cada vez maior de moçambicanos.

O Mabunda empurra a ideia de que FOMOS ENGANADOS e, na minha óptica, falaciosamente. A Cahora Bassa construída em Moc. que já é NOSSA em termos jurídicos, só será verdadeiramente nossa quando servir a todos os Mocambicanos, quando a sua infraestruturacão (que inclui a espinha dorsal) estiver virada para o país, sem depender da RSA, num investimento anunciado de 1.8 bilião de dólares. Há outra interpretacão que encontram disso?

Só posso reportar a um caca fantagismo exascerpado que não é difícil de perceber no contexto deste blog. Heheheheh

JOSÉ disse...

Afinal a montanha pariu um rato, nada de novo aqui, apenas jogos de palavras.É evidente que há diferença nos discursos de Guebuza e Namburete. Continuo sem perceber qual a contestação ao texto do Mabunda!

Reflectindo disse...

Mutisse

Então não tens outra versão. Apenas querias deturpar e como sempre nos tens julgado, insultado de quem não percebemos nada.

Qual é o contexto deste blog?

Para a tua informação, este blog é livre das tuas insinuações, resistiu e resiste a tua campanha de censura para não se denunciar os escândalos e falcatruas da Frelimo sobretudo no período eleitoral.

Este blog é também contra as campanhas racistas. De maneiras que vai as denunciando.

Este blog é pelos direitos humanos, denunciando todas as atrocidades contra o direito do homem.

Esse é o contexto deste blog. Nada de insinuações

Fica bem!

Traz uma versão que não confirma que Namburete disse que Cahora Bassa não era nossa.

JOSÉ disse...

Ilidio Macia, ilustre colega de Júlio Mutisse, escrevu sobre este assunto um texto intitulado:
" Os discursos que fazemos ". Leia

http://ilidiomacia.blogspot.com/2010/09/os-discursos-que-fazemos.html

Excelente texto! Nota 20! Estamos esclarecidos!

V. Dias disse...

Mutisse,

Porque é que não te calas?

Zicomo

Abdul Karim disse...

O Julio esta disposto a conversar,

Isso 'e Bom Viriato, desde que ele nao agite o Povo.

Vai apreender aqui conosco, 'e Bom.

Por outro lado, acho que ja percebeu a mensagem, nao deve ele "empurar" as questoes pro racismo, ou atacar Machado da Graca, nao deve respeito, porque nao queremos perder a paciencia tambem,

Quanto ao resto acho que ele, vai crescer, e comeca a entender que nao estamos a brincar, isso 'e mais importante.

Quanto ao dossier HCB, pra dissipar duvidas o governo deve terminar com "segredo de estado" do dossier, assim ficamos todos claros em relacao ao HCB, e seus contornos no negocio.

Abdul Karim disse...

ONDE :

"nao deve respeito,"

DIGO:

" NAO DEVE FALTAR AO RESPEITO."