quinta-feira, abril 08, 2010

Partidarização de 7 de Abril mancha festa da mulher moçambicana

– Daviz Simango, presidente do MDM

“Que a luta dos moçambicanos pela não privatização de eventos nacionais continue até que a razão vença a intolerância. Somos moçambicanos, e lutaremos por Moçambique para todos.” – Daviz Simango
O presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, disse que o 7 de Abril actualmente tornou-se uma data festiva, com flores e bombons para umas, e de marginalização e descriminação para outras que, devido a natureza super partidária com que a data é tratada, não se vêem nela identificadas.
Falando, ontem, na Beira, numa entrevista exclusiva com o Canalmoz à margem da comemoração, do 7 de Abril (feriado nacional), cujas cerimónias tiveram lugar no Monumento dos Heróis Moçambicanos, na zona da Chota, Simango afirmou que as mulheres são, por natureza, Amigas, Companheiras, e sobretudo nossas mães pela forma como elas cuidam de nós, desde que nascemos até a morte, nas diversas etapas que com elas vivemos. Por isso, tenho o privilégio de manifestar o meu reconhecimento e admiração por elas, pois sem elas nós não existiríamos.
“A luta do Movimento Democrático de Moçambique visa fazer com que este dia constitua um momento privilegiado de reflexão sobre as melhores formas de busca de igualdade social entre os homens e mulheres e de eliminação de todas formas de descriminação de mulheres com base na sua filiação política”, acrescentou o presidente do MDM que é também o presidente do Município da Beira.
“Queremos também, nesta luta, chamar atenção para o papel e a dignidade da mulher e levar a uma tomada de consciência do valor da pessoa, perceber o seu papel na sociedade, contestar e rever preconceitos e limitações que vem sendo impostas”, sublinhou.
Ele acrescentou que o seu partido tem consciência de que esta luta “requererá de nós muita ponderação, patriotismo e paciência, porque é um processo que mexe com totalitarismo e arrogância, em que a todo o custo se colocam organizações do Partido no Poder como proprietárias de datas nacionais, num autêntico golpe ao Estado moçambicano. Esta forma de opressão temos que enfrentá-la de frente e não auto-excluirmo-nos. Só assim evitaremos que esse comportamento atinja proporções cada vez mais difíceis de reparar. É por isso que a nossa luta deve continuar a assumir cada vez mais o compromisso de combater o obstáculo e promover o avanço da Mulher”.
Daviz Simango adiantou que “não daremos trégua até que os fazedores das mentes saibam que estas mulheres moçambicanas, geradoras da vida precisam dum dia que simbolize a sua dignidade e identidade como moçambicanas, independentemente do seu estrato político, social e económico”.
A OMM como vulgarmente é conhecida a organização feminina do Partido Frelimo não representa a unidade nacional, nem a voz da razão de luta das mulheres moçambicanas, pois representa apenas um universo constituído em um Partido com dois milhões de seguidores num país com cerca de vinte milhões de habitantes.
Portanto, Simango advertiu que o 7 de Abril deve ser celebrado por todas, pois se trata duma data nacional dedicada a Mulher. As camaradas e outras formações que queiram festejar datas próprias que encontre espaço próprio porque o ano tem 365 dias, adiantou em jeito de proposta para que não se confundam datas partidárias com uma data nacional. “Não queremos discutir datas nacionais porque elas existem e devem ser respeitadas por todos moçambicanos”, disse Daviz Simango, presidente do MDM.
“Os governantes de hoje devem ter a lucidez necessária para saberem distinguir o que não gostariam que lhes fizesse, discriminados e negados na sua terra. Daí que devem entender que não se deve fazer algo a alguém que não se goste que seja feito a si próprio. Por isso a Paz deve iniciar na nossa atitude para o bem das futuras gerações e de mãos dadas construirmos uma sociedade cada vez mais solidária. Somos poucos para cada um de nós no seu canto fazer só. Todos juntos faremos melhor. Como moçambicanos ninguém deve estar de fora do seu direito constitucional, na sua contribuição de construirmos a nação moçambicana”, frisou Daviz Simango.
Por fim, Simango desejou um dia feliz e parabéns a todas as mulheres empresárias, funcionárias, camponesas, trabalhadoras do mercado informal, mães, amigas, esposas, donas de casas, estudantes, filhas, colaboradoras, associações femininas, deficientes e doentes. “Que a luta dos moçambicanos pela não privatização de eventos nacionais continue até que a razão vença a intolerância. Somos moçambicanos, e lutaremos por Moçambique para todos” concluiu.
Refira-se que no Monumento dos Heróis Moçambicanos esteve uma moldura humana bastante considerável, particularmente mulheres, representando organizações políticas e também outras não partidárias. O evento foi manchado pela partidarização da data, o que levou o representante do Conselho Municipal, José Domingos, a advertir sobre a necessidade de as moçambicanas saberem a verdade sobre a essência do 7 de Abril. O Governador, Maurício Vieira, disse que não há outra verdade sobre o 7 de Abril, Senão a que é conhecida de todos. (Adelino Timóteo)

Fonte: CanalMoz - 2010.04.08

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