segunda-feira, abril 12, 2010

Em Moçambique e Angola: Frelimo e MPLA apropriam-se do Estado

– conclui um estudo do IESA

Os partidos governamentais de Moçambique e de Angola, respectivamente a Frelimo e o MPLA, estão-se a consolidar no poder com a tendência de controlarem perpetuamente os respectivos Estados. Esta é a conclusão de um estudo comparativo apresentado no último fim-de-semana, em Maputo, durante uma conferência internacional sobre os processos eleitorais, movimentos de libertação e mudanças democráticas em África, organizado pelo Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), em colaboração com o Chr. Michelsens Institutt (CMI) da Noruega.
A conferência contou com a participação de investigadores científicos e de políticos provenientes da Etiópia, Uganda, Moçambique, Suécia, Bélgica, África do Sul, Noruega, Malawi e Zâmbia.
O estudo comparado revela que as lideranças da Frelimo, partido no poder em Moçambique, e do MPLA, partido no poder em Angola, tendem a alargar a sua influência de modo a dominar todas as estruturas sociais do Estado.
Outra questão que é referida no estudo são os discursos dos dirigentes destes partidos que, segundo refere, manifestam uma tendência de querer dominar “tudo e todos”, com políticas de concentração de poderes.

Moçambique e o estudo

A conclusão alcançada pelo estudo, para o caso de Moçambique, vem apenas formalizar o debate que tem existido na opinião pública em relação à tendência de querer dominar tudo por parte do partido Frelimo.
No ano passado, o relatório interno do Fórum Nacional do Mecanismo Africano de Pares (MARP) também fez referência ao facto de o partido no poder ter a tendência de querer substituir o Estado.
Em relação aos discursos com tendências de dominação, dos dirigentes partidários, o partido Frelimo é um exemplo vivo. Recentemente, o secretário-geral do partido Frelimo, Filipe Chimoio Paúnde, veio a público dizer que é imperiosa a continuação da implantação de células dentro do aparelho do Estado. Estas declarações vieram deixar claro a questão da afinidade partidária, como condição fundamental para trabalhar no aparelho do Estado, ou seja, este partido controla, a favor dos seus interesses partidários, o funcionamento do aparelho de Estado.

(Matias Guente)

Fonte: CanalMoz - 2010.04.12

2 comentários:

Anónimo disse...

Esse estudo do EISA, não pode, e não deve comparar os meandros da política de um País africano RIQUÍSSIMO só porque fala a lingua portuguesa, e ter sido colonizado pelo mesmo País europeu.
Cada qual a seu dono, e a seu TRONO.
Angola vai ter ainda muitos ruos de tinta para correr.O dinheiro fala mais alto.
Moçambique é Moçambique.
Os senhores jornalistas deveriam "apalpar" bem o Partido Frelimo, para saber quem será o "PRÓXIMO"!
Porque a história de Moçambique, vai entrar na REGÊNCIA, EM QUE OS CONTENDORES SERÃO DAQUI EM DIANTE OS FILHOS DOS PROTAGONISTAS, das guerras.
Aliás a veterana Graça Machel Mandela, deu um "lamiré" na sua entrevista em terras lusas, sobre o primeiro "homo sapientis"-quadro após 35 anos-TRINTA E CINCO ANOS-, e caso seja verdade, será a primeira substituição da Frelimo nos últimos 50 anos.
Será algum sobrinho, "neto", sei lá?
Quem será o VENCIDO, veremos!

Zacarias Abdula
Zacarias Abdula

Reflectindo disse...

Caro Zacarias,

Concordo consigo quanto à comparação Moçambique com Angola ou Frelimo com MPLA. As últimas eleicões nos dois países também revelam algo muito importante. Embora os dois partidos tenham obtido uma vitória retumbante há muita coisa que não se assemelha...

Quanto ao herdeiro de Guebuza arrisco-me dizer que não será nenhum sobrinho ou neto de quem quer que seja. A Frelimo tem táctica e eu acredito que só lhe pega a táctica "witta" (emboscada) como se diz lá na minha terra. Isto para dizer, só lhe surpreendendo ela é pegada. Foram surpresas em 1999 e mesmo em 2008 na Beira e 2009 nas gerais. Mas talvez por ter muitos recursos, mesmo assim ela se safa, pois tem sua retaguarda. A título de exemplo, ela apressou-se a desfazer o Conselho Constitucional para repelir com eficácia o avança da oposição. E a nossa oposição não havia se prevenido nisto, embora existissem meios...
Eu asseguro-o/s que mesmo as nomeações no novo governo estão inseridas na táctica do Partido Frelimo, mas a nossa oposição só viu/vê patavina como sempre...
A Frelimo anda com muitas cartas no bolso e usa a que for conveniente em cada jogada...
Acredito que a ser um neto, filho ou sobrinho de qualquer protagonista dependerá inteiramente da situação da OPOSICÃO.

Um abraco e boa semana de trabalho!