quarta-feira, fevereiro 06, 2008

ATACAR OS ORTODOXOS? CORRESPONDER AOS SEUS ATAQUES?

Canal de Opinião: por Noé Nhantumbo,

Uma necessidade inadiável…


Beira (Canal de Moçambique) - Não é 100% certo que de facto sejam ortodoxos, marxistas-leninistas da linha original ou suas reminiscências. Com tantas corruptelas a solta por aí, nada nos garante que seja o produto original. Até porque não é importante que sejam ou não ortodoxos. Relevante é o que fazem e dizem. É o que planificadamente e com a anuência dos titulares dos cargos públicos lhes é permitido que façam.
O importante é o que se deve fazer com essas fontes permanentes de opiniões e sobretudo de manifestações claras de intolerância politica.
Usando meios públicos e órgãos de comunicação social públicos avançam de maneira aberta na protecção das irregularidades e do ilícito primando pelo silencio quando é importante referir e mencionar os factos que ocorrem na praça publica.
Os nossos problemas entanto que país são muitos e evitar acrescentar outros não é o que se necessita de momento.
Impõe-se sim transferir a riqueza discursiva de alguns mestres do passado, que teimam em continuar a baralhar e distribuir as cartas como se o país fosse só deles para frentes de trabalho onde tal é necessário.
Não se pode negar a utilidade e necessidade de se usar da experiência que essas forças do passado possuem. Mas não se lhes pode conceder o monopólio da opinião nos órgãos de comunicação pública e nem se pode atribuir uma importância e papel que não possuem.
Quando analisadas com atenção, as acções por eles executadas no passado recente do país até foram fracassos. Tanto em política económica proposta e executada, como seu trabalho noutras esferas da vida nacional, somos levados a dizer que deixaram muito pouco a desejar. Não se pode de maneira alguma subestimar o papel que certas pessoas tiveram nos esforços para a conquista da independência nacional. Mas é preciso ter muitas cautelas e atenção para não se cair no erro de sobrestimar os feitos e colocar os participantes na luta pela libertação nacional num pedestal imerecido.
Os moçambicanos têm de ser capazes de avaliar os factos que se lhes apresentam de maneira clara e tirar as conclusões que interessam a maioria. Não podemos continuar presos a teorias duvidosas que não até nem conseguiram provar noutras latitudes.
A tentativa persistente de associar os destinos deste país ao que somente uma minoria de “eleitos” julga que é o melhor para ele, já provou ser um caminho errado. Sempre que a opção privilegiada e aplicada foi a promoção de “supostos eleitos” e a exclusão da maioria enveredou-se para práticas que desembocaram no desentendimento, crises e conflitos. Os mestres do passado tem um conhecimento profundo do país mas isso não significa que as soluções por eles propostas sejam sempre as melhores.
De combatentes declarados da burguesia, a realidade não deixa mentir, muitos dentre eles transformaram-se em burgueses de facto, capitalistas e accionistas que até Marx e Lenine de seus túmulos devem estar abominando.
Aqui a questão não é estar contra a riqueza de fulano ou beltrano. Pretende-se é discutir ou trazer para domínio público aquilo que é público e de interesse público.
Aparentar, esconder, encobrir, proteger, usar de subterfúgios e estratagemas para manter a situação imutável, são práticas sobejamente conhecidas entre nós.
Só que há alguns erros na avaliação dos mestres e paladinos do socialismo de ontem, hoje capitães do capitalismo selvagem. Eles partem de pressupostos errados e desse modo arriscam-se a levar o país para crises e conflitos perfeitamente evitáveis. A intolerância e o receio activo de alguns mestres, de que a alternância democrática no país possa conduzir a situações em que eles sejam julgados por acções passadas leva-lhes a cultivarem, promoverem e usarem toda uma série de meios para perpetuar o status. Compreende-se o seu medo. Afinal. Alguns dentre eles poderiam de facto ser considerados culpados de actos merecedores de sanção judicial.
Outra coisa que lhes faz correr e defender o indefensável são as regalias e privilégios que a sua posição actual garante. Julgam que poderiam desaparecer em caso de mudança de governantes. Essa realidade em que vivem, torna estes mestres do passado extremamente perigosos e acutilantes nas suas acções.
Desamarrar os nós estabelecidos, as alianças em que existem, as tendências megalómanas que teimam em manifestar são acções que requerem muita inteligência, tácticas e habilidades.
Confrontar com dinossauros, poderosos e entrincheirados em estruturas políticas omnipresentes, requer capacidade, discernimento, persistência.
Está claro que uma das armas eleitas pelos defensores da manutenção do status é a distribuição de favores políticos, económicos e financeiros.
Fazem de conta que estão aceitando a integração de novos elementos no seu partido mas na verdade estão só garantindo que nas regiões estratégicas haja votantes a seu favor. Não é que tais novos membros cheguem algum dia a ocupar posições com peso para desequilibrar a balança. Tudo o que é permitido aos novos membros é brilharem e comerem das migalhas que restam do banquete principal.
Esta maneira de proceder não é exclusiva do partido no poder. Sempre que conta, é alguém do núcleo dirigente que toma funções e dirige as acções. Os partidos da oposição em Moçambique aparentemente também aprenderam a fazer o mesmo.
É toda esta ortodoxia que importa contrariar através de uma acção inteligente e continuada para assim se conseguir trazer aos moçambicanos, alternativas e soluções para os problemas que teimam em não conhecer fim.
Não se pode desarmar numa situação em que estão em risco não só nós assim como as gerações do amanhã.

Fonte: Canal de Mocambique


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