segunda-feira, dezembro 10, 2007

Sobre a sondagem interessante.

Na página de oponião do Jornal Notícias na edicao de 11/1272007, Mia Couto escreve sobre a sondagem interessante.

Eis o artigo:

Brown e Mugabe: a propósito duma sondagem!

SR. DIRECTOR!

Na sua edição do passado sábado, dia 8 de Dezembro, o seu jornal publicou uma notícia que, a nosso ver, constitui um grave atentado à verdade dos factos. A notícia intitulada “BROWN PERDE APOIO A FAVOR DE MUGABE” refere uma “sondagem pública feita pela prestigiada estação BBC. O articulista da AIM diz textualmente que “a sondagem deixa muito claro que o público mundial apoia o Presidente Mugabe...”

1. Na realidade, não se trata de uma sondagem. A rubrica “Have You Say” é um blog promovido pela BBC e em nenhuma circunstância se apresenta ou pode ser tomado por uma sondagem. O jornalista sabe a diferença entre uma coisa e outra.

2. A pergunta formulada pela BBC nesse fórum de debate não é se se apoia Mugabe ou Brown. A pergunta é completamente outra: se se apoia ou não a atitude do primeiro-ministro Gordon Brown em não participar na Cimeira de Lisboa. Os leitores poderão consultar esse blog no seguinte endereço: http://newsforums.bbc.co.uk e verificarão por si mesmos que a pergunta não tem nada a ver com o que o jornalista da AIM estranhamente conclui para, a seguir, embandeirar em arco sobre ilações como esta “que em eleições mundiais... Mugabe iria ganhar com uma vitória esmagadora, enquanto Brown sofreria a sua maior e humilhante derrota...”

3. Consultado o site, os leitores poderão confirmar que a pergunta sobre a adequação da postura de Gordon Brown é explicada num texto que contrapõe Brown a Durão Barroso, e não a Robert Mugabe. Reproduzimos textualmente as perguntas que encerram o texto: “Who is right on the boycott issue, Mr Brown or Mr Barroso? Could the row between Britain and Zimbabwe overshadow other issues at the summit? What do you want the summit to achieve?” Quem está certo na questão do boicote, o Sr. Brown ou o Sr. Barroso? Pode o clamor entre a Grã-Bretanha e o Zimbabwe ofuscar os restante assuntos da cimeira? O que desejaria que a cimeira alcançasse? como se pode constatar, nada, mas absolutamente nada sobre um eventual apoio ao Presidente Robert Mugabe.

4. Quem visitasse o blog no dia 8 de Dezembro verificaria que os 840 comentários registados apresentavam um balanço equilibrado entre quem apoiasse e criticasse a postura de Gordon Brown. Constataria, igualmente, que muitos dos que se opunham ao boicote de Brown também condenavam o regime de Mugabe.

Em conclusão, a notícia mencionada é um grave atentado contra a ética profissional e, não fosse conhecer o autor, poderia concluir que se trata de uma tentativa tosca de manipular a opinião pública moçambicana.

Mia Couto

9 comentários:

Nelson disse...

"Em conclusão, a notícia mencionada é um grave atentado contra a ética profissional e, não fosse conhecer o autor, poderia concluir que se trata de uma tentativa tosca de manipular a opinião pública moçambicana."
Assim termina o artigo de Mia Couto.
Já que não conheço o autor(Gustavo Mavie), usando o raciocínio de Mia Couto tenho a liberdade de concluir que 2Uma sondagem Interessante" foi "uma tentativa tosca de manipular a opinião pública moçambicana" aliás não é a primeira vez que isso acontece...

Bayano Valy disse...

O Gustavo não me surpreende, habituado que estou a ler os seus lençõis. Espero tero tempo para o responder por um artigo em que me chama de formatado por condenar as crescentes violações de direitos humanos pelo regime de Mugabe - aliás, já escrevi sobre isso no meu blog, mas tenho que fazer um artigo para o Savana.

O pior é o exemplo ético e profissional que ele (como director duma agência da dimensão da AIM) dá aos seus colaboradores directos.

Reflectindo disse...

Eu também penso que Mia Couto apressou muito por desculpar a Gustavo Mavie. Mavie quis sim manipular a opinião pública e devia ser responsabilizado por isso.

Anónimo disse...

POEMA FÚNEBRE PARA MACHEL

Moça, Moçambique, moçambicana mocidade,
prematura orfandade
estremecendo dez anos de liberdade,
repetindo outro outubro de fel:
primeiro, foi Guevara; agora, Machel!

Moçambique!...
moçambicana orfandade:
um golpe traiçoeiro na decana liberdade
de um povo de sofrimento milenar!
Porém, Moçambique Livre livre sobreviverá.

Moçambique – Machel:
pátria e povo – unidade em ti!
África toda te chora
nessa tua prematura e trágica partida, Samora.
E eu pergunto como órfão: e agora?!

Moça, Moçambique, moçambicana mocidade...
Trágica orfandade – porém Angola me consola:
sobreviveu sem Agostinho Neto.
(E é que quando Agostinho se foi
foi como se tivesse caído da casa o teto).

Moçambique, berço dos meus ancestrais
pobres africanos carnais
para cá trazidos (e vendidos!) como escravos
(digo: animais!)...
Moçambique
hoje, o meu peito é um dique
por onde correm as lágrimas por ti.

Machel – Moçambique
fusão de homem e pátria; de líder e povo.
Samora – moçambicanos
fusão de estadista e espartanos
expulsando colonizadores; rompendo grilhões;
libertando a África – unindo nações!
PORQUE:
Moçambique Livre livre sobreviverá.


Em 19 de outubro de 1986,
dia em que morreu Samora Machel,
em um “acidente aéreo”...
(Ainda se questiona se não foi mais um assassinato
comandado pela famigerada CIA)...

Parabéns pelo site!
Pela África lives!! SEMPRE!

F. ANTENOR GONSALVES disse...

POEMA FÚNEBRE PARA MACHEL

Moça, Moçambique, moçambicana mocidade,
prematura orfandade
estremecendo dez anos de liberdade,
repetindo outro outubro de fel:
primeiro, foi Guevara; agora, Machel!

Moçambique!...
moçambicana orfandade:
um golpe traiçoeiro na decana liberdade
de um povo de sofrimento milenar!
Porém, Moçambique Livre livre sobreviverá.

Moçambique – Machel:
pátria e povo – unidade em ti!
África toda te chora
nessa tua prematura e trágica partida, Samora.
E eu pergunto como órfão: e agora?!

Moça, Moçambique, moçambicana mocidade...
Trágica orfandade – porém Angola me consola:
sobreviveu sem Agostinho Neto.
(E é que quando Agostinho se foi
foi como se tivesse caído da casa o teto).

Moçambique, berço dos meus ancestrais
pobres africanos carnais
para cá trazidos (e vendidos!) como escravos
(digo: animais!)...
Moçambique
hoje, o meu peito é um dique
por onde correm as lágrimas por ti.

Machel – Moçambique
fusão de homem e pátria; de líder e povo.
Samora – moçambicanos
fusão de estadista e espartanos
expulsando colonizadores; rompendo grilhões;
libertando a África – unindo nações!
PORQUE:
Moçambique Livre livre sobreviverá.


Em 19 de outubro de 1986,
dia em que morreu Samora Machel,
em um “acidente aéreo”...
(Ainda se questiona se não foi mais um assassinato
comandado pela famigerada CIA)...

Parabéns pelo site!
Pela África lives!! SEMPRE!

Nelson disse...

Caro bayano...Aguardo pelo artigo do Savana... Enquanto isso, onde leio oque já escreveste sobre o assunto?...

Anónimo disse...

Bem haja o Mia Couto.

O artigo foi de muito mau gosto, e é evidência duma certa atmosfera de xenofobismo que alguns tentam fomentar.

Inclusive para não variar a moderação do imensis apenas não censura os comentários mais radicais que apoiam o Mugabe, em detrimento das opiniões contrárias, independentemente de elas estarem bem ou mal construídas.

Anónimo disse...

Em relação a Machel, já ouvi muitas teorias:

- foram os portugueses, por despeito e falta de colaboração
- foi a Africa do Sul, para tentar destabilizar ainda mais moçambique
- foi a CIA
- foi a mafia do trafego de armas, por este andar a falar em controlar o armamento
- foram os seus próprios comparsas, por este ser demasiado moderado e não os deixar pilhar os despojos de guerra, e especialmente a propriedade imobiliária.

Velha o diabo e que escolha entre uma destas teorias. É fácil inventar histórias...

Anónimo disse...

Já agora vão-me desculpar por isto não ser de moçambique, mas os paralelismos são enormes.

"Também a CIA poderá estar ligada à morte de Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, na explosão e queda de um pequeno avião em Camarate em 4 de Dezembro de 1980: havia que liquidar os que se opunham ao trânsito ilegal de armas por Portugal, enviadas dos EUA pelos amigos do candidato Ronald Reagan para o Irão de Khomeny."